Foto: Fred Loureiro/ Secom ES
Um relatório da Fundação SOS Mata Atlântica aponta que a contaminação do Rio Doce, após o rompimento da barragem de Mariana (MG), pode se estender por muitos anos. Segundo informações da Rádio Jovem Pan, que divulgou o documento com exclusividade, dos 18 pontos nos quais foi coletada água do rio, em apenas dois o índice de qualidade foi considerado regular. Nos outros 16, o resultado foi péssimo, com níveis acima do permitido de metais pesados, magnésio, chumbo, cobre, alumínio, ferro e manganês. Os níveis de turbidez da água ficaram entre 5.150 e 1.220 UTNs (unidade telenométrica de turbidez), sendo o máximo aceitável é de 40 UTNs. “Cada vez que chove, ao contrário do que foi dito, divulgado por algumas autoridades e pela própria empresa, não vai haver uma diluição, uma dispersão desses minérios. Eles não estão segmentando e, quanto mais chuva, mais lama é depositada”, explicou Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas da SOS Mata Atlântica. Os pontos de contaminação se estendem por 650 km, até o litoral capixaba. O prefeito de Colatina e presidente do Comitê da Bacia do Rio Doce, Leonardo Deptulski, apontou, por sua vez, que não há como estabelecer o tempo em que a lama ficará suspensa: “Tem uma característica que uma parte dessas partículas são muito pequenas, não decantam, ficam suspensas na água. Então dá a impressão que a água continua com o mesmo grau de quantidade de partículas, de turbidez”, afirmou. O governo negocia um acordo com a mineradora Samarco para revitalizar o Rio Doce, com 19 medidas socioeconômicas e 19 socioambientais. Dentre elas, o prefeito de Mariana, Duarte Junior, defende a inclusão do saneamento de esgoto: “Esperamos que a Samarco assuma isso, porque o fundo de R$ 1 bilhão que foi determinado pelo Ministério Público vai ser direcionado para medidas compensatórias. A gente quer muito tratar a nossa rede de esgoto, porque a gente polui o nosso Ribeirão do Carmo, jogando a nossa rede de esgoto no rio. Seria um bem ao nosso meio ambiente, então estamos trabalhando dessa forma”. Também está sendo discutida a criação de um fundo de R$ 20 bilhões para a recuperação da bacia, já que os rios do Carmo e Gualaxo do Sul também foram poluídos.
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