por Samuel Celestino
As duas grandes festas baianas que marcam os ciclos, basicamente a do Bonfim e a do Dois de Julho, esta cívica, passaram a ser notadamente políticas. É certo que o povo comparece em massa, principalmente a da lavagem do adro da Igreja da colina sagrada, com as baianas com as suas belas saias rodadas fazendo o percurso da Igreja da Conceição da Praia até o Bonfim, levando na cabeça água de cheiro para lavar a igreja. Mas também é certo que, principalmente a mídia, destaca os políticos que se deslocam em grupos partidários para se exporem ao público, numa exibição que está implícita o voto para o tempo de eleições. Esta tradição política vem de longe. Ganhou corpo com o governador Antônio Carlos Magalhães, desde o seu primeiro governo, em 1970, e permaneceu durante todo o período que marcou a sua carreira, mesmo quando, já sem condições de realizar o percurso até a Igreja, deslocava-se para o quartel da Polícia Militar, nos Dendezeiros, e fazia o resto do trajeto andando cercado de adeptos onde recebia no adro do Bonfim um banho de água de cheiro. ACM conhecia praticamente a maioria das baianas. Agora já não há um político que seja como o Antônio Carlos da sua época, festejado durante o percurso pelas mães e filhas de santo. O que aqui exponho trata-se de história. Os políticos de hoje seguem o roteiro, mas já não há políticos com densidade popular. Assim, poucos dão atenção aos que insistem em “aparecer”. Enfim, passou a ser uma tradição desgastada tanto a Lavagem da Colina Sagrada, com a festa cívica do Dois de Julho.
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